Por Ademir Castellari, via Divino
O jogo de ontem à noite no Pacaembu, uma de nossas casas pelos próximos dois anos, mostra claramente (claro como mil sóis, como dizia meu professor de filosofia na graduação) que no Palmeiras as verdades são sempre mais verdadeiras.
A primeira delas é que alguém, aquele que controla o clima lá pelo reino dos céus, não deve simpatizar muito com o torcedor Palmeirense. Afinal, foram quarenta dias de intervalo para a Copa do Mundo; nesse tempo houve quarenta dias de um ‘veranico’ que elevou a temperatura a níveis aceitáveis para um país tropical, quarenta dias de estiagem, nenhuma gota de chuva. Porém, foi só se reiniciar o campeonato brasileiro, foi só o Palmeiras voltar a jogar na capital de todos os paulistas para que o frio, acompanhado de uma fina garoa e – mais tarde – de uma incessante chuva, não nos deixasse esquecer que o Palmeiras estava em campo.
Outra verdade é que a nossa torcida é ‘ídolo dependente’. Jogadores tendo novamente os nomes cantados pela massa alviverde, incentivo durante os noventa minutos e aplausos até em tiros de meta e gols perdidos mostram, também claramente, que somente quando há uma intensa sintonia entre aqueles que vestem a camisa no campo e aqueles que as vestem nas arquibancadas é que a coisa dá liga no Palmeiras; é somente assim que o Palmeiras volta a ser Palmeiras, é dessa forma que retomaremos nossa trajetória de vitórias e conquistas. Ontem, lá estava Kleber apanhando, batendo e suando a camisa; ontem, lá estava a torcida que canta e vibra mostrando para seus guerreiros que não pedimos nada além de entrega, de comprometimento. A nossa parte, quando somos retribuídos em campo, nós fazemos.
Para aqueles que culpavam a torcida pelas vaias aos falsos ídolos ontem foi um dia de lição. A torcida do Palmeiras incentiva – já o fez até a jogadores medianos – aqueles que se vestem do espírito Palestrino em campo.
Outra verdade é que há no futebol figuras que transcendem o bem e o mal, o bom e o ruim. Felipão é uma delas. Ele é o ídolo no banco de reservas (ontem nos camarotes), aquele que entende o futebol em sua essência, que sabe que aqueles noventa minutos representam uma batalha, onde suor e sangue devem ser deixados no campo, sabe que o torcedor de futebol é o motivo da existência daquilo tudo que ele e seus comandados se propõe a fazer. Isso é futebol e Felipão entende disso como ninguém.
A última verdade que compreendi ontem, e que queria apontar, é que somos muitos; porém, somos uma família que se conhece, se respeita e se reconhece. Mudou a casa, mas lá estavam todos presentes, como que se tivéssemos sidos transportados automaticamente, mas nos mantivemos nos mesmos lugares que sempre estivemos. Ontem, lá estavam quase todos os amigos que conquistei nesses quase 20 anos de Palestra Itália; todos em seus postos, todos em suas mesmas posições. O que era antigamente na curva do placar – lá no Palestra, ontem foi na curva dos portões de entrada do Pacaembu. Todos, quase que sem exceção lá estavam. Por isso, não me senti um estranho naquele local, afinal mesmo que não nos queiram – criam diversas dificuldades, quem sabe para ver se alguém desiste – lá estaremos, agora no Pacaembu, daqui a dois anos em nossa nova casa. Podem escrever.
Image by Ricardo Matsukawa/Terra
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