Publicado originalmente em 21 de dezembro, às 21h32
Segundo o assessor de imprensa do Palmeiras, Cosme Rímoli fabricou a "entrevista" abaixo, fruto, na verdade, de uma conversa casual. Nada surpreendente, em se tratando desse jornalista. Se Rímoli usou de má fé ou não, pouco importa. Isso só vai comprovar falta de caráter do blogueiro do R7.
Considerando que nenhuma das fontes é muito confiável, aguardemos o próximo pronunciamento do Santo. Contudo, nada invalida as palavras de Marcos que, mais que um desabafo, são a mais perfeita leitura da vida do Palmeiras, nos últimos 30 anos.
do semi-inútil Cosme Rímoli, via R7
Atendendo a centenas de pedidos desde que o blog começou no R7, a exclusiva mais pedida.
E ela não poderia acontecer em melhor hora.
Com Felipão e Valdivia, um de cada lado.
O Palmeiras acumulando dois anos de fracassos.
Dois anos seguidos fora da Libertadores.
Descrença total dos torcedores.
Nesse momento de terremoto no Palmeiras, é fácil entender por que ele não atinge o goleiro.
Seu caráter é o maior escudo.
Que pena para os palmeirenses que 2011 seja o seu último ano como jogador.
Ele não suporta mais as dores pelo corpo.
Tanto que revelou, com exclusividade, que abandonou a idéia de ser preparador de goleiros.
E é muito possível que siga sua vida longe do clube que ama e da torcida que o adora.
Marcos, o que acontece com o Palmeiras?
Por que tanta confusão, Valdivia, Felipão, Kléber, dirigentes, torcida?
Olha, Cosme, para mim tudo é simples. Eu nunca ganhei nada no Palmeiras quando havia desunião. O que está faltando é as pessoas realmente deixarem as vaidades de lado e trabalhar pelo clube.
Neste momento, o Palmeiras precisa de todos: Valdivia, Felipão, Kléber, dirigentes, todos do mesmo lado. Nós estamos em um dos maiores clubes do País, temos prestígio, força, respeito, títulos. Mas todos estão agindo como se fosse cada um por si.
Todos querem a mesma coisa, mas falta consciência, humildade de esticar a mão, oferecer amizade, respeito. É uma pena.
Ninguém quer ganhar mais do que eu. E sei que sem todos estarem juntos, não há solução. Com time dividido, quem perde para ser presidente trabalhando contra, não há como ganhar nada. Esse é o problema. O Palmeiras é forte, mas briga com ele mesmo. Nem precisa de inimigos.
Marcos, você parece chateado...
Não tem como não ficar triste com toda essa situação complicada. Eu tenho uma longa carreira, passei por muitas alegrias e tristezas. E vejo o mesmo erro se repetindo no Palmeiras por anos e anos. É muita divisão.
E começa lá em cima e repercute no time. Quem perde a eleição fica trabalhando contra. Não quer que a pessoa no poder consiga sucesso.
Muita gente não pensa no clube. Pensa na própria vaidade e em não deixar o outro ter sucesso. Por isso o Palmeiras parou de ganhar.
Pode ver que passaram por lá os melhores treinadores do Brasil: Luxemburgo, Muricy e agora o Felipão. É difícil demais trabalhar assim. Pode colocar o técnico que for.
O que você acha do trabalho do Felipão?
Ele está fazendo de tudo, mas de tudo para o Palmeiras voltar a ganhar. Parece um homem que está sozinho subindo uma ladeira, sem ajuda. As brigas dos dirigentes refletem no seu trabalho.
Tudo cai para ele resolver. E sozinho, não dá. Os jogadores tentam ajudar, mas falta tranquilidade ao time. Todos somos cobrados demais e sofremos por 'lá em cima' estar tão dividido.
Qual a consequência disso tudo na sua carreira?
Agora que já estou perto do fim, vivido, percebo muito melhor. Deixei de ganhar muito mais títulos no Palmeiras por causa dessa desunião. Vou deixar o futebol insatisfeito com o número de campeonatos que acabamos jogando fora. Por pura falta de união. Estou falando a mesma coisa porque esse é o segredo do que acontece no Palmeiras.
Todos sabem e fingem não ver: falta todos trabalharem em uma direção só. E quem está fora do comando do clube, seja quem for, não sabotar o trabalho de quem está mandando.
Perdemos muitos títulos e jogadores importantes por causa dessas brigas no comando do clube. Não tem como não ficar puto. Eu fico porque gosto mesmo do Palmeiras. E fiquei do início ao fim da minha carreira. Fico puto porque o Palmeiras é a minha casa.
Marcos, o Palmeiras hoje é um time muito limitado...
Não é, Cosme. As pessoas falam isso, mas estão erradas. O Palmeiras é um time competitivo com jogadores insubstituíveis. O Danilo, o Edinho, o Valdivia e o Kléber não podem deixar o time de jeito nenhum. Como é que o Felipão pode montar uma equipe sabendo que se perder um deles, não tem reserva à altura?
O que faltam são boas peças de reposição. Porque a equipe quando está completa é competitiva, briga com qualquer um. O palmeirense não pode comprar essa idéia que o time é fraco. E não há o que falar da torcida, o quanto ela pode apoiar, ela apoia.
O que de pior aconteceu com o Palmeiras nestes últimos tempos?
Perder aquele bendito jogo para o Goiás. Se a gente vencesse, tudo estaria em paz. Teríamos uma Libertadores pela frente. A briga pelo poder seria menor pelo que estaria em jogo. Foi uma tristeza perder aquela semifinal da Copa do Brasil. Perder em casa, estádio lotado, time rebaixado. Parece que só acontecem essas coisas com o Palmeiras...
Vamos falar de você um pouco.
É verdade que está bem fisicamente há um mês e deixou o Deola continuar como titular?
É verdade. Eu estava recuperado, mas achava uma puta sacanagem voltar ao time por ser 'o Marcos'. O Deola estava voando, é um dos melhores goleiros do Brasil. Conversei com o Felipão e tratei de treinar forte e me preparar para 2011. Fiz o certo, o Deola foi bem demais.
E 2011 será o seu último ano?
Sim, Cosme. Eu não aguento mais as dores. Quero terminar a minha carreira jogando em alto nível. Não vou esperar pedirem para eu sair. Já conversei bem com os meus familiares e com o pessoal do Palmeiras. 2011 é o meu limite.
A minha maior dificuldade é me imaginar longe do futebol. Longe da torcida, parar de repente de treinar para um jogo. psicologicamente não será fácil. Eu já senti, estou sentindo.
Mas ninguém é eterno, por que eu seria?
Você vai seguir no Palmeiras, virar preparador de goleiros do clube, ajudar o Pracidelli?
Tomei uma decisão. Não vou ser preparador de goleiros. Não posso mais ficar exigindo do meu corpo. Como goleiro por tantos anos já deu. Vou pensar seriamente o que fazer da minha vida.
É possível que você siga longe do Palmeiras?
A minha ligação com o torcedor palmeirense será eterna. E também com o clube que eu torço. Mas pode ser que eu trabalhe como empresário de jogadores. Da minha honestidade ninguém pode falar, então posso ajudar outros atletas com suas carreiras. É o caminho que mais me atrai agora. Nem pensar em ser técnico. Não tenho saco para isso.
Qual a maior sensação que você tem na sua longa carreira no Palmeiras?
A que eu poderia ter conquistado muitos outros títulos. Eu sei que o Palmeiras jogou fora por falta de união vários campeonatos. Demos de mão beijada. Eu só torço do fundo do meu coração para isso não acontecer no meu último ano de carreira. Quero demais vencer o máximo que puder em 2011.
E com ajuda, união de todos. De todos... Chega de perder para nós mesmos! Chega!
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