terça-feira, 31 de agosto de 2010
segunda-feira, 30 de agosto de 2010
A mídia é o grande prato do restaurante canibal
O trabalho eficaz de dois jornalistas, Pedro Aguiar e Laisa Beatris, profissionais da redação de Opera Mundi, trouxe ontem (26/08) a público caso vergonhoso de colonialismo cultural e abuso da boa-fé dos leitores. A história, que pode ser lida no artigo “Mídia internacional ignora indícios de fraude e publica notícia sobre restaurante canibal”, revela o estado de indigência que afeta parte da imprensa mundial.
Tudo começou quando um político alemão denunciou, ao diário sensacionalista Bild, a existência de restaurante brasileiro, chamado Flimé, no estado de Rondônia, que oferecia carne humana e estaria planejando abrir filial em Berlim. O vereador Michael Braun, dirigente local da União Cristão-Democrática, alegando ter recebido informação de eleitores, protestou contra as intenções do famigerado estabelecimento.
A origem primária das denúncias, logo se soube, estaria em vídeo e página divulgados pela internet. Os autores, provavelmente de nacionalidade portuguesa, talvez na intenção de se vingar das piadas contra seus patrícios, resolveram armar pegadinha contra os brasileiros. No jargão da rede, chama-se essa informação forjada de hoax.
O mais incrível é que a existência do restaurante canibal imediatamente se espalhou entre diversas agências e veículos do planeta. O inglês The Guardian, a espanhola Efe, a italiana Ansa, a alemã Der Spiegel e o português Expresso estão entre as publicações que caíram no engodo. Também comprou gato por lebre a brasileira Folha.com. A reportagem de Opera Mundi provou que não há canibalismo nem restaurante algum.
Aparentemente nenhuma das redações enroladas pelo conto dos portugueses se deu ao trabalho de apurar história tão escabrosa. O restaurante não foi checado. Não se analisou com rigor a gravação que circulou no You Tube. A página web que anunciava as estranhas iguarias tampouco recebeu o devido escrutínio.
Não é a primeira vez que importantes meios de comunicação metem o pé na jaca. A revista Veja, em abril de 1983, publicou matéria anunciando a fusão da carne de boi com o tomate, depois de cair em uma brincadeira da revista inglesa New Science, preparada para celebrar o dia da mentira. O caso Boimate, como é conhecido, entrou para a mitologia jornalística como a maior “barriga” (notícia inverídica) de todos os tempos. O affair Flimé tem grandes chances de roubar-lhe o lugar no pódio.
O problema não é apenas a preguiça dos jornalistas que deram ares de verdade à denúncia fajuta. A substituição da informação pelo espetáculo, de fato, tem poder tóxico sobre a inteligência da imprensa e contamina sua disposição de pegar no batente. Mas, é evidente, nesta situação também jogou peso decisivo a arrogância colonial dos brancos de olhos azuis. Canibalismo no Brasil? Terceiro Mundo? Terra de índios, negros e mulatos? Pau na máquina, que se não for verdadeiro, ao menos está bem contado.
A barrigada, que deveria provocar indignação da mídia brasileira e resposta à altura do governo, porque difama a imagem internacional do país, diz muito a respeito de como funcionam os monopólios mundiais da comunicação. Seus donos e operadores, de tão imbuídos do papel de vanguarda cultural do colonialismo, não perdem sequer uma história da carochinha para demonstrar a suposta primazia civilizatória das nações ricas sobre os povos do sul.
*Breno Altman é jornalista e diretor editorial do site Opera Mundi
domingo, 29 de agosto de 2010
Que cazzo é isso?
Lendo a coluna de ontem do Amigo @pessini no Agora SP, fiquei impressionado com o preciosismo de um certo órgão para a liberação das obras da Arena Palestra. Informações que reproduzo abaixo:
- o número de viagens de caminhões/dia utilizados no transporte do entulho;
- impacto no trânsito;
- um estudo referente ao uso do transporte público em caso de eventos musicais, destacando que esse público é diferente nos jogos de futebol;
- impacto sonoro, pedindo estudos sobre o barulho que o estádio proporcionaria “levando em consideração coros de torcida”, fogos de artifício e vuvuzelas, dos gritos dos transeuntes que sairão dos shows e as buzinas que eles tocarão nos seus carros;
- um levantamento direto na área de influência direta (???) em locais como escolas, creches, asilos e postos de saúde.
Engraçado, que eu me lembre, o Palestra Italia é tão antigo quanto as Indústrias Matarazzo e até outro dia funcionava perfeitamente, recebendo partidas de futebol e, vira-e-mexe, shows musicais. Ou seja, não se trata de um novo empreendimento, mas a modernização de um já existente.
Aí me ocorre um outro detalhe; será que outros espaços a céu aberto como o Morumbi e o Pacaembu apresentaram laudos sobre coros de torcida, vuvuzelas, gritos na rua, buzinas ou o tal "levantamento direto na área de influência direta"? Dia seis de outubro o Penicão receberá o show do Bon Jovi. Qual será o impacto do evento no Hospital Albert Einstein ou no Colégio Miguel de Cervantes?
Muda a cena. Hoje, abro o Estadão e vejo na primeira página uma manchete sobre a ocupação da Vila Olímpia:
"Saturada, Vila Olímpia tem 21 prédios em construção e 50 lançamentos
Casas, pequenos comércios e até um colégio dão lugar a megaempreendimentos;
Fico pensando no trabalho sem fim dos nobres conselheiros do Cades em verificar a quantidade de caminhões/dia utilizados em cada um desses empreendimentos imobiliários, chega a dar pena!
Afinal, não dá para imaginar que o orgão esteja cobrando tantas informações do consórcio Palmeiras/W Torre e fazendo vistas grossas para a ocupação selvagem em um bairro próximo, não é mesmo?
Ou então serei obrigado a acreditar que interesses outros estão por trás dos entraves sistematicamente criados desde o lançamento do projeto Arena Palestra. Para informação:
"O CADES - Conselho Municipal do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, instituído nos termos dos artigos 22 da Lei n.º 11.426, de 18 de Outubro de 1993, é um órgão consultivo e deliberativo em questões referentes à preservação, conservação, defesa, recuperação e melhoria do meio ambiente natural, construído e do trabalho, em todo o território do Município de São Paulo. Seu funcionamento foi regulamentado pelo decreto nº 33.804, de 17 de novembro de 1993."
sexta-feira, 27 de agosto de 2010
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