terça-feira, 24 de agosto de 2010

Obrigado.


O que começou há dois anos atrás quase como mera brincadeira, uma manifestação de repúdio bancada por alguns blogueiros menos ortodoxos, transformou-se neste sábado em uma emblemática festa de arromba acolhida pela gloriosa várzea paulistana.

Ali, da beira do gramado, vendo 2 times completos lutando pela bola, vendo 2 bancos de reservas repletos de Palmeirense torcendo de um lado, corinthianos berrando de outro, vendo um juizão apitando e distribuindo amarelos, vendo a galera curiosa no alambrado torcendo junto ao locutor da partida – enquanto alguns dos nossos apuravam as carnes na churrasqueira – tive a certeza e o orgulho de saber que estamos germinando uma semente de resistência que visa preservar o espírito do Futebol paulistano como ele é, ou como ele deveria ser ainda.

Para quem não esteve presente, sinto muito, mas não há bem como descrever a magia que envolveu a tarde gloriosa de 21 de agosto deste ano tão marcante em nossas vidas. O sol, que se escondia, veio nos ver jogar. A tarde amena propagava o riso descontraído e feliz de crianças e adultos que serão sempre rivais de vida e morte – porque é assim que deve ser – mas que igualmente se olharão no olho, para sempre, sabendo que um completa a história do outro.

Palmeiras x Corinthians, o Jogo das Barricas que tanto esperamos…. Desculpem se me repito, mas não há como contar como tudo deu tão certo. Perdemos, é verdade – e a sinopse do jogo virá em um post subsequente, quando os registros de imagens estiverem todos comigo.

Para mim, no entanto, o que importa é o que veio depois do jogo: porque foi como se jogássemos bola juntos desde crianças, na rua onde moro.

Palestrinos, Corinthianos, mulheres, crianças – e até o juizão picareta – trataram todos de confraternizar e repartir a alegria entre copos de cerveja, samba do bom, cantoria, piadas e churrasco à vontade. Não havia inimizades ali, porque também é assim que deve ser.

Agradeço à galera de Botucatu, que de tão longe veio prestigiar o evento e mostrar as habilidades (sic) dos Foras de Forma;

Agradeço ao Fernandão, árbitro um dia federado que venceu o cansaço e os  longos anos de hostilidades campais e se propôs a mediar a brincadeira que, por sinal, transcorreu sem nenhum incidente;

Agradeço à Rádio Coringão que, sem frescura, aceitou nosso singelo convite e compareceu ao evento para cobrir a peleja com alegria e dignidade (quem sabe ano que vem nós, Palmeirenses, consigamos compreender também a importância deste gesto);

Agradeço ao Favela, à turma do Anhanguera, aos Palestrinos de longa data e aos amigos que por lá eu fiz, antes que o excesso de cerveja vitimasse minhas lembranças!

A preleção, as provocações, a gritaria, o decorrer do jogo… tudo isso deixo para o próximo post. O que eu queria dizer aqui é que temos uma oportunidade de ouro, em uma época em que o torcedor tem seu espaço de torcedor sempre mais e mais restrito, de realizarmos um evento cada vez mais forte onde o camisa 12 manda, aproveita, se diverte e colhe os louros.

Não se iludam, amici. Daqui até 2014 o espaço do humilde torcedor nos campos do Brasil será a cada dia mais tolhido. E a resistência pode vir em forma de guerra, ou em forma de cultura. Cultura, história, respeito mútuo foi o que cultivamos neste sábado eterno – cravando um marco definitivo do que faremos nos anos que virão.

O que começou como brincadeira agora é coisa séria. Reunir o arquibaldo e o varzeano, mostrar para aquela gente antiséptica que Futebol é alegria, paixão e amor será nossa missão daqui por diante. Nossa grata missão, nascida de um fruto que caiu em nosso colo, pois que não esperávamos isso: nosso foco agora é fazer, a cada ano, a festa de confraternização do verdadeiro torcedor. Estamos só começando.

O pontapé inicial

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