segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Onde foi parar a Imprensa Especializada?

Por Marco Mello, via DoLaDoDeLá

Ninguém é maluco de imaginar que a grande imprensa fosse cobrir o Primeiro Encontro Nacional dos Blogueiros Progressistas, este final de semana, em São Paulo. As razões são óbvias: somos um novo canal de comunicação com a sociedade. E nesta condição, admitir nossa relevância pode significar ter que ao menos compartilhar um bem que ainda é muito concentrado no país: a produção de conteúdo, seja informativo, interpretativo ou analítico. Mas o que dizer então da imprensa especializada? Corro aos principais canais de comunicação com a classe dos jornalistas: Observatório da Imprensa, Portal Comunique-se e Revista Imprensa. Qual não é a minha surpresa ao constatar (domingo, nove da noite) que não há uma linha sequer, um destaque, mesmo que em pé de página ao evento que reuniu mais de 300 pessoas de 19 estados, na sua maioria jornalistas, com diploma ou não, com ou sem vínculo partidário, com ou sem vínculo sindical, ligados ou não a movimentos sociais. Juntar três centenas de pessoas em torno de um ideal que nossa sociedade clama há pelo menos 40 anos (a democratização dos meios de comunicação) por si só já é notícia em qualquer lugar do mundo. Mas vejamos o porquê do silêncio daqueles que poderiam fazer reportagens, análises e críticas para seu público específico. A Revista Imprensa é fácil: tem medo. Como a maior emissora do país é também a maior e mais cativa anunciante, não dá para ficar indiferente. O silêncio é a melhor maneira de garantir "o leite das crianças". Quanto ao portal Comunique-se, sabe-se que é um "pool" de assessorias de imprensa com retaguarda do Instituto Endeavor, de incentivo ao empreendedorismo, que instituiu um prêmio, cuja finalidade é contemplar jornalistas não necessariamente pelo talento e importância que tenham, mas pelo que eles poder gerar de "recall" e "cross media" depois, o que nada mais é do que visibilidade. Não que o prêmio não contemple também profissionais sérios, que estejam acima da média, em algumas categorias. Agora, o Observatório da Imprensa tinha a obrigação de estar representado, não só institucionalmente, como jornalisticamente. Pode até ser que o tempo vai demonstrar que quem está mal informado sou eu. Torço para ser desmentido. Afinal, se não há registro do fato com distanciamento e independência, as chances de uma cobertura isenta só diminuem, o que não é bom, nem para quem está de um lado, nem para quem está do outro.

3 comentários:

  1. Poxa, você organizou a festa e não apareceu? O que houve com sua saúde. É coisa simples ou complicada. Manda uma mensagem pelo face se precisar de alguma coisa e se cuida, velho tarado. bjs

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  2. KKK, problemas de garganta, nada que não se resolva com antibióticos!
    bj

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  3. Caro, não te conheço, obviamente você não me conhece e tampouco a revista IMPRENSA. Então vamos lá:
    1 - O departamento comercial do veículo não tem conexão alguma com o editorial, que tem completa e total independência para tocar suas pautas.
    2 - Se tivéssemos simplesmente priorizado outras notícias por conta de outras matérias ou informações também relevantes, eu falaria aqui com completa honestidade. Mas não publicamos nada simplesmente porque não tinhamos conhecimento desse evento.
    3 - Temos uma equipe muito sintonizada nos acontecimentos de todos os dias, de todos os meios e plataformas midiáticas do país. Ainda que pequena, a redação é esforçada e bem conectada, mas não detectou essa pauta, assim como não chegou nenhum e-mail ou telefonema sobre o evento à redação.
    4 - Sinto muito se não teve a repercussão que merecia, certamente foi um evento bacana. Mas não saia por aí criticando o que não conhece. O jornalismo bem-feito tem vários princípios muito caros, um deles é a busca da verdade, o outro é a prerrogativa do outro lado. No que diz respeito a seu post sobre a revista IMPRENSA, você atropelou ambos.
    Igor Ribeiro

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