quarta-feira, 4 de agosto de 2010

A farsa do carisma


Por Ademir Castellari, via Divino

Quando você assiste a uma daquelas inserções comerciais (propaganda) de alguma obra ou benefício ‘concedido’ pelo prefeito, governador ou presidente de plantão saiba que aquilo é uma peça publicitária. Produzida por publicitários, encenada por atores e recheadas de figurantes. Minhas filhas mesmo já fizeram teste para uma dessas peças publicitárias. Tenho um amigo que já apareceu elogiando uma obra do Kassab, mesmo sendo Lulista de carteirinha. Acontece que como os atores e figurantes são contratados eles recebem para isso.

Em uma campanha política não é muito diferente. Atores são contratados e pessoas comuns são recrutadas para falarem bem de candidato X ou mesmo para falarem mal de candidato Y. São pagos para isso, recebem um ‘cachê’ (pagamento) pelo trabalho executado.

Há, porém, outras situações onde não é possível se fazer o pagamento pela participação, onde o grande número de participantes inviabiliza o pagamento. São as externas em comícios, visitas, passeatas, carreatas. As imagens são tomadas e, no máximo, se pede a autorização dos participantes para que cedam o direito de sua imagem ser exibida no programa eleitoral do candidato.

A coisa funciona, mais ou menos, da maneira que relatei acima. Isso acontece porque nem todo mundo apóia o candidato que está em determinado bairro, por exemplo. Por isso, é necessário ‘buscar’ as melhores imagens, os gritos de apoio, os beijos, os abraços. Mas, nem tudo são flores, pois há candidatos mais e candidatos menos populares. Aqueles que com seu carisma dispensam ensaios e aqueles que mesmo com ensaios não conseguem empolgar os ‘eleitores’ que lá estão.

Foi o que aconteceu com o candidato Serra. Ao visitar uma escola (Escola Técnica Estadual – ETEC – em Heliópolis, zona sul da capital, no dia de ontem – 3/08/2010), o candidato Demo/Tucano foi supreendido pela pureza das crianças. Logo após acenarem para Serra as crianças começaram a gritar em coro o nome do presidente Lula: “Lula! Lula! Lula!” e “olê, olê, olá, Lula, Lula”.  [vídeo acima]
Isso mostra primeiro, que carisma não é para qualquer um; e, segundo, que – no mínimo – a lei eleitoral foi desrespeitada.

O pior dessa história é que, provavelmente, as imagens com as crianças aos gritos de Serra (e Alckmin) serão utilizadas pelo programa eleitoral de ambos, depois do ensaio, do ‘falhou’ do adulto (seria professor ou assessor?), configurando uma verdadeira farsa.
Espero, que – pelo menos – tenham pago o cachê para a garotada.

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