segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Futebol, Cerveja e Suor

Por  Carol Santos, via Cruz de Savóia, com imagens do Blog do Silvinho


Sabe aqueles dias iluminados? Então, na 3ª Edição do Jogo das Barricas foi um desses. O sol veio nos brindar com todo o seu esplendor, aquecendo nossos corpos e almas. Lambeu nossas peles, abriu nossas fomes (de bola, do tão adorado líquido sagrado e da gordura animal). Fez-se a comunhão.

Palmeirenses e corinthianos num mesmo espaço e pelo mesmo objetivo. Alviverdes para um lado, alvinegros para o outro. Aquela timidez habitual e inicial dos que não se conhecem, quebrada rapidamente pela quantidade de cervejas que foram saindo, muitas, geladas e desejadas. As provocações de um lado e outro. Nenhuma preocupação com as regras de etiqueta impostas por um certo estatuto do torcedor. Aqui xingamos, cuspimos no chão e provocamos o rival.

E a batalha aconteceu dentro do campo. Bancos de reserva separados e dois tempos que pareciam intermináveis, calor, poeira subindo e tempo seco pra cacete. Por vezes dentro do campo, xingamos nossos jogadores e os alheios. Olha ali, dá a bola aqui, toca essa merda direito, caralho. Foi falta, juizão! Num acesso de fanatismo, torcedora doente que sou, xinguei impunemente e com vontade um jogador deles, num momento de escanteio. Vai errar, caralho! Bem, segundo consta, o lance do moço deu certo. Com olhos de águia me procurou para devolver os insultos sofridos. Para a minha sorte, eu já estava longe dali. Quem fala o que quer, ouve o que não quer.

O resultado para nós, palmeirenses, foi vergonhoso. Fiz questão de esquecer o placar do jogo. Mas não esqueço e não poderei esquecer, nunca, as caras de felicidade de todos pela simbologia do evento. Vou utilizar a palavra comunhão novamente, mas só porque não me vêm à mente vocábulo que melhor descreve a reunião de sábado. Vencedores com cara de júbilo, vencidos com cara de poucos amigos, mas que não durou muito tempo, não. Foi só até a cerveja começar a fazer efeito. Até sentirem o gosto da gordura que derretia na boca. Até a roda de samba se formar. Até o cansaço começar a bater.

Foi mágica a tarde sábado. Pude sentir novamente uma imensa esperança no futebol. Porque ali naquele campo de várzea todas as invencionices que fazem com nobre esporte simplesmente não existem. Não tem brecha para se enfiarem nem razão de ser. Ali na várzea dá para acreditar num retrocesso do futebol. Ali na várzea é raça e suor e amor à camisa.

Um chêro à todos que fizeram desse 3º Jogo das Barricas a delícia que foi. Aos amigos feitos na tarde de sábado e de longa data, aquele abraço: Cráudio, Seo Cruz, Ademir, Hiran, David, Téo, Rai, Bruno, Tchack, Filipe, Osmar, Igor, Rafael, Barneschi, os Pacífico, Ricardo, Aragonez, Gina, Favela, Guga, Clayton, Carlinhos e toda a delegação do Foras de Forma (vamos marcar uma ida para aí, vou começar a agitar hoje), Lygia, Teresa, os locutores da webrádio e todos os que compareceram, mas cujos nomes não lembro. Não poderia ter tido uma tarde melhor.

E aquele beijo grande nos três malucos que levaram as moedinhas e jogaram na porta de madame.


Nota Repatriated: Por motivos de saúde não pude participar da festa e isso explica, em parte, o resultado do jogo! afinal, um zagueiro do meu nível organiza a defesa, passa segurança e experiência para o time e vez ou outra faz seus golzinhos. A outra parte, segundo fui informado, entra na conta do juiz ladrão que apitou com a camisa do curintia por baixo do uniforme, como soi acontecer! 

O exato momento em que o rival fazia a transferência do suborno para a conta do juizão gaveteiro
Não pode deixar de ser mencionada a performance do atacante Palestrino Zé Lenny. Dizem as más línguas que o atleta estava na "gaveta"e que o judas teria se vendido por uma noite de esbórnia. Lamentável.

Contudo, isso é o que menos importa. Como legítimo derrotado em um Derby, a melhor maneira de digerir o fato é relativizar o resultado e a confraternização entre rivais, a pingaiada e o churrasco é o que fica.

A imagem foi modificada para melhor visualização neste espaço

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