segunda-feira, 16 de agosto de 2010

A Dilma é Pop

Por Bruno Ribeiro, via Botequim do Bruno
Apesar da vantagem de 10 pontos que Dilma deve abrir sobre Serra na nova pesquisa do Ibope a ser divulgada hoje, a história nos ensina que não é prudente cantar vitória antes da hora. A revista Época de ontem é um indício de como a grande mídia irá trabalhar para tentar garantir José Serra no segundo turno a partir de agora. Que ninguém se iluda, achando que a direita aprendeu com os erros do passado: está na sua natureza recorrer a expedientes de baixo nível para tentar desestabilizar o pleito.

Mas, apesar da forma aviltante com que Dilma Rousseff foi tratada pela reportagem, a revista conseguiu dar ao PT um ótimo trunfo. Logo na página inicial da matéria há um retrato estilizado de Dilma inspirado na fotografia de sua ficha policial. A foto em questão foi feita na época em que a então estudante foi presa, acusada de conspirar contra o regime militar e de pertencer a um grupo de resistência armada. O objetivo da arte, assinada por Sattu, era transmitir uma imagem ameaçadora de Dilma, carregada em tinta vermelha e com um olhar orgulhoso e desafiador. Uma guerrilheira perigosa, enfim.


Não é de hoje que a direita nativa parou no tempo. Ideologicamente envelhecida, sem moral para fazer acusações e ainda adepta das caquéticas técnicas de manipulação de notícias, ela parece ignorar que vivemos na era da informação em tempo real, dos blogs independentes e das redes sociais. Minutos após a revista chegar às bancas, milhares de internautas em várias partes do país já se mobilizavam para reverter o sentido da imagem de Dilma veiculada na reportagem. A Época deu um tiro pela culatra: conseguiu apenas criar o retrato de uma heroína.

Primeiro porque a arte é sensacional: o traço do ilustrador é ótimo, o olhar de Dilma lembra o de Che Guevara e tudo remete aos famosos retratos em série feitos pelo papa da art pop, Andy Warhol (painel de Mao Tsé Tung, abaixo). São referências universais cravadas no inconsciente coletivo de quase todo mundo. E o melhor de tudo: Dilma parece extremamente jovem, passando ao observador a ideia de uma mulher contestadora e rebelde – algo simpático às pessoas em geral, capaz de afugentar apenas os velhos ressentidos e os reacionários.


Considerando que o desenho foi baseado em uma foto tirada no Dops, pouco antes de Dilma ser torturada, ele ganha um quê de volta por cima e também de alerta aos que defendem a ditadura. O semblante de Dilma parece dizer aos verdugos: “Nunca esqueceremos”. Somado o fato de que a ilustração foi usada pela imprensa golpista na tentativa de atacar a candidata e desmoralizar seu passado, o retrato ganha também um sentido político.
Uma boa legenda para ele seria “Todos somos Dilma”.



A conotação assustadora que os jornalistas quiseram dar para o retrato de Dilma surtiu o efeito contrário: a militância petista acabou ganhando uma arte gráfica que tem tudo para se tornar um ícone desta campanha. Desde que seja reproduzida para uso pessoal, a ilustração pode ser impressa em camisetas, posteres, adesivos, bottons etc. Pela web, muitas são as pessoas que estão adotando a arte como avatar no Twitter. Há quem tenha disponibilizado variações da imagem em alta definição para serem usadas em cartazes.

Você percebe que a coisa não vai bem para o seu inimigo quando ele próprio toma a iniciativa de lhe fornecer as armas para o combate. Sendo assim, adotem o avatar da Dilma em seu blog, orkut, twitter e facebook. Façam camisetas para os seus amigos. Às armas, companheiros!

Nenhum comentário:

Postar um comentário