sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Fundo do poço

Não tenho como não relacionar os dois piores momentos dos últimos tempos. Os dias três e quatro de outubro e o 24 e o 25 de novembro. A certeza da vitória e o vazio da perda, acompanhado pela mesma dor miserável no pescoço foram iguais. Na eleição ainda havia o alento de que nada estava perdido, teríamos o segundo turno e a possibilidade de redenção. O futebol não nos deu essa chance. A única coisa agradável dessa quinta-feira foi um telefonema da Fernandinha. 

Se os dias que precederam o três de outubro serviram para renovar as forças e rever conceitos, os dias que seguirão não tem a mesma perspectiva. No Palmeiras somos passageiros. Viajantes de um trem fantasma que nunca termina seu percurso.

O Pacaembu foi o cenário da primeira frustração, in loco, do meu filho que, viajou 250 quilômetros só para ver a partida e de meus sobrinhos. Os meninos nunca tinham vivenciado a sensação de uma desclassificação em casa e para um time medíocre. Voltaram para casa tristes e calados. Eu fui solidário no silêncio pois, o Palmeiras me fez passar, inúmeras vezes, por situações semelhantes quando ainda era um garoto.

Image by Kigol
Minha mente viajou no tempo, lembrei de uma tarde de domingo de 1985. Em um Palestra Italia lotado de esperança, o Palmeiras foi eliminado pelo XV de Jaú. Não foi a primeira nem a última tristeza que meu time me deu naqueles duros anos 80, mas foi o que veio à cabeça*. No percurso sem fim entre o Pacaembu e minha cama, os sobrenomes Tirone, Palaia, Facchina cumpriam seu papel de me assombrar, como fazem à trinta anos.  

Este é o sentido do título do post. O Palmeiras está condenado a seguir comandado pela mesma dúzia de sobrenomes de mentalidade tacanha que afundam o clube por vaidade e incompetência, sem perspectivas de mudanças, já que o sistema eleitoral ali funciona para a manutenção de tudo como está.

Não tenho energia para escrever uma linha sequer sobre o jogo ou seus protagonistas. Isso merece ser esquecido. A dor, ao contrário, demora. Barneschi, companheiro de arquibancada e de decepção, um dos 40.000 Palmeirenses que foram ao estádio, cumpriram sua parte e fizeram um lindo espetáculo, narrou o sentimento de 20 milhões de almas, com brilhantismo e merece ser lido.

Images by UOL

Agora à pouco, procurando no Google alguma imagem, descobri no Kigol que, por coincidência,  aquele jogo também foi disputado em um 24 de novembro.

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