A Folha de hoje revela que em depoimento à Polícia Federal o despachante Dirceu Rodrigues Garcia teria afirmado que recebeu do jornalista Amaury Ribeiro Jr. R$ 12 mil para conseguir dados da Receita Federal da filha e do genro de Serra, Verônica e Alexandre Bourgeois.
Na versão da Folha isso virou:
Investigação da Polícia Federal fez conexão entre a quebra do sigilo fiscal de pessoas ligadas ao candidato José Serra (PSDB) e o dossiê preparado pelo chamado “grupo de inteligência” da pré-campanha de Dilma Rousseff (PT).
Trata-se uma baita maladragem, uma forçada de barra que não se sustenta.
A verdade sobre o caso está nas últimas linhas da matéria.
Segundo a investigação, quando os dados dos tucanos foram encomendados em outubro de 2009, Amaury ainda mantinha vínculo profissional com o jornal “O Estado de Minas”.
O PT atribui ao diário proximidade política com o ex-governador tucano Aécio Neves, eleito senador. (Impressionante, o PT atribui… Sugiro à Folha que leia o artigo do editorialista do Estadão, Mauro Chaves, publicado no dia 28 de fevereiro 2009.)
A partir de depoimentos e cruzamentos telefônicos, a PF mapeou a cadeia da quebra dos dados fiscais. Amaury não só fazia a encomenda, segundo a PF, como ia a São Paulo buscar os documentos. As viagens eram pagas pelo jornal.
Ou seja, quem pagou as viagens foi O Estado de Minas.
Quem pagava o salário de Amaury Ribeiro Jr. era O Estado de Minas.
Segundo o diretor de redação Josemar Gimenez do Estado de Minas, “ele (na época) trabalhava em várias investigações. Essa investigação específica não estava concluída quando ele pediu demissão no final de 2009″.
A reportagem era sobre as privatizações no governo FHC. Ou seja, guardava relação com os investigados. (É verdade que no mercado não se fala exatamente em reportagem…)
E o responsável pela quebra de sigilo é o PT. A Folha perdeu todos os limites.
Em outubro daquele ano, quando os dados teriam sido comprados, a disputa não era PT e Serra. Era Aécio e Serra. Aécio só veio a desistir da disputa dois meses depois, em dezembro. O jogo era tão no limite da baixaria que o governador de Minas chegou a ter revelado pela mídia paulista uma suposta agressão a uma namorada.
Também é importante registrar que em outubro de 2009 Amaury Ribeiro Jr. não tinha nenhuma relação com o PT. Nem tampouco com o tal grupo de inteligência.
Sugiro ao leitor que dê uma lida em algumas matérias já publicadas por este blogueiro sobre o tema. Aqui, aqui, e aqui
Destaco um trecho de uma delas, escrito em 3 de setembro, ali já se falava que a quebra dos sigilos de Verônica e do seu marido teriam relação com uma “investigação jornalística”. Eu não dizia isso porque era bidu. Aliás, nada deste blog tem a ver com relações privilegiadas com o além. Só com informações do mundo real. Que os bons repórteres da Folha também conhecem.
No caso de Eduardo Jorge, Ricardo Sérgio e os outros envolvidos em casos suspeitos do período das privatizações, a quebra do sigilo foi a partir do uso de senhas. Ou seja, alguém violou o sigilo “por dentro”.
A quebra do sigilo de Verônica Serra se deu com base num documento falso e com a ajuda do contador Atella.
Isso permite imaginar que a ação foi realizada por dois grupos diferentes. Quem sabe que a porta da casa fica aberta, não vai buscar assaltá-la entrando pela lareira.
O primeiro modi operandi é mais profissional. Com acesso a dados internos da receita. Ou seja, quem o utilizou é especializado.
O segundo grupo (que quebrou o sigilo da filha de Serra), mais amador. Que sabendo que naquele posto de Mauá era possível a quebra de sigilo foi buscar nas redondezas alguém pudesse saber como fazê-lo.
E chegou a esse alguém que pode vir a ser o contador Atella ou ainda outra pessoa que o usou como intermediário sem que ele soubesse de fato o que estava fazendo.
Esse método parece mais algo do tipo “investigação jornalística”.
Vai-se ao local e busca-se alguém que saiba como a coisa funciona.
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