segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Uma semana para virar uma página da História

Os contemporâneos geralmente não notam  que então vivendo um momento histórico. A queda da Bastilha, um  presídio quase desativado onde só havia três detentos, foi considerada um episódio menor, de baderneiros, no dia em que ocorreu. Só  mais tarde  virou símbolo e data nacional da França. Assim está acontecendo com as atuais eleições brasileiras.
Na mídia, nos botecos e nas filas de banco, só se fala, conforme o  freguês, da última baixaria  da turma  do Serra ou da turma da Dilma. No entanto, caso Dilma vença, o que parece mais provável, o Brasil vai virar uma  página importante de sua história. Melhor dizendo: vai iniciar uma  fase nova de sua trajetória.
Na verdade, o  governo Lula pode ser considerado como de transição. Nossa política externa tornou-se  independente e altaneira  e o  Estado  readquiriu algumas de suas  prerrogativas,  perdidas durante o tempo em que vigeu  o dogma do Estado Mínimo, sem capacidade de reação estratégica e  totalmente submisso ao Capital Financeiro. Nesse período  a primeira e fundamental  função de nossa peça orçamentário era (através do superávit primário)  pagar os juros de da dívida impostos  e fixados  pelo próprio Capital Financeiro. Neofeudalismo puro.
Mas  estamos, agora,   apenas esboçando as  primeiras reações. O Meirelles, ou equivalente, ainda vai ficar por aí por um bom tempo. Até que o Estado, através do fortalecimento das  estatais e da criação de outras tantas de igual importância, readquira sua capacidade de direcionar  seus investimentos para os setores realmente estratégicos.

Reaprendendo a mobilizar
A maioria  parlamentar com que  Dilma deverá  governar é suficiente apenas para reformas superficiais: a política, a tributária e  a previdenciária que  terá que estar acoplada  à reforma trabalhista. Não vai passar disso.
E é bom lembrar que Getúlio também tinha maioria no Congresso, mas o levaram à morte,  porque ele elevou o salário mínimo a  níveis inéditos, criou a Petrobrás, a Siderúrgica Nacional e a  Eletrobrás.
Reforma agrária, nem pensar. Por muito menos derrubaram o João Goulart.
Tudo isso para dizer que a hora é de  mobilização, coisa da qual o PT se desacostumou e os sindicatos (voltados para o resultado imediato) esqueceram. E a juventude não tá nem aí.  Na verdade, formam  vinte anos de  lavagem cerebral (fizeram uma faxina até no Juca de Oliveira), de anestesia ideológica e de alienação assumida.
Me alegrou ver  o Milton Temer,  um importante líder do PSDOL desfilando em Copacabana com a  camiseta da  Dilma. A esquerda começa a perceber a importância do momento  que esta vivendo. Momento importante e muito difícil, porque o Brasil ingressa agora  no rol dos países em cuja composição social predomina a classe média. Este é o grande desafio teórico pra os verdadeiros revolucionários.

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