Os contemporâneos geralmente não notam que então vivendo um momento histórico. A queda da Bastilha, um presídio quase desativado onde só havia três detentos, foi considerada um episódio menor, de baderneiros, no dia em que ocorreu. Só mais tarde virou símbolo e data nacional da França. Assim está acontecendo com as atuais eleições brasileiras.
Na mídia, nos botecos e nas filas de banco, só se fala, conforme o freguês, da última baixaria da turma do Serra ou da turma da Dilma. No entanto, caso Dilma vença, o que parece mais provável, o Brasil vai virar uma página importante de sua história. Melhor dizendo: vai iniciar uma fase nova de sua trajetória.
Na verdade, o governo Lula pode ser considerado como de transição. Nossa política externa tornou-se independente e altaneira e o Estado readquiriu algumas de suas prerrogativas, perdidas durante o tempo em que vigeu o dogma do Estado Mínimo, sem capacidade de reação estratégica e totalmente submisso ao Capital Financeiro. Nesse período a primeira e fundamental função de nossa peça orçamentário era (através do superávit primário) pagar os juros de da dívida impostos e fixados pelo próprio Capital Financeiro. Neofeudalismo puro.
Mas estamos, agora, apenas esboçando as primeiras reações. O Meirelles, ou equivalente, ainda vai ficar por aí por um bom tempo. Até que o Estado, através do fortalecimento das estatais e da criação de outras tantas de igual importância, readquira sua capacidade de direcionar seus investimentos para os setores realmente estratégicos.
Reaprendendo a mobilizar
A maioria parlamentar com que Dilma deverá governar é suficiente apenas para reformas superficiais: a política, a tributária e a previdenciária que terá que estar acoplada à reforma trabalhista. Não vai passar disso.
E é bom lembrar que Getúlio também tinha maioria no Congresso, mas o levaram à morte, porque ele elevou o salário mínimo a níveis inéditos, criou a Petrobrás, a Siderúrgica Nacional e a Eletrobrás.
Reforma agrária, nem pensar. Por muito menos derrubaram o João Goulart.
Tudo isso para dizer que a hora é de mobilização, coisa da qual o PT se desacostumou e os sindicatos (voltados para o resultado imediato) esqueceram. E a juventude não tá nem aí. Na verdade, formam vinte anos de lavagem cerebral (fizeram uma faxina até no Juca de Oliveira), de anestesia ideológica e de alienação assumida.
Me alegrou ver o Milton Temer, um importante líder do PSDOL desfilando em Copacabana com a camiseta da Dilma. A esquerda começa a perceber a importância do momento que esta vivendo. Momento importante e muito difícil, porque o Brasil ingressa agora no rol dos países em cuja composição social predomina a classe média. Este é o grande desafio teórico pra os verdadeiros revolucionários.
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