terça-feira, 5 de outubro de 2010

Ciro entra na parada. O PV vai com Serra. A dúvida é Aécio

Por @ChicoBarreira, via Fatos Novos, Novas Idéias

São só quatro semanas. Então, não dá para treinar muito. Os times já entraram em campo. Dilma recebeu um reforço de última hora: Ciro Gomes. Serra já garantiu o apoio da cúpula do PV (Gabeira e Sirkys), Marina, com estiramento na consciência esquerda, fica fora por quinze dias. A grande dúvida é Aécio Neves. Ele foi escalado, está no banco de Serra, mas ninguém garante que vá jogar para valer.
Aécio Neves vive um drama pessoal: até a semana passada, tudo corria bem para ele. Serra (o principal obstáculo a ser transposto) estava morto e enterrado. Em Minas, elegeu-se senador com votação recorde e faz seu sucessor, o “poste” Antônio Anastasia. Era a consagração e como diziam ontem seus assessores, ele (Aécio) “fez cabelo, barba, bigode e o Itamar”.
Em suma, Aécio aos 52 anos, despontava como líder inconteste do PSDB e da Oposição, candidatíssimo à presidência em 2014. Eis que, senão quando, ocorre este inesperado segundo turno. Serra, qual Fênix, ressurge como candidato viável e os planos de Aécio terão que se refeitos. Mesmo com todo o sucesso de Aécio, Dilma superou Serra, em Minas: mais de um milhão e meio de votos. A tarefa do ex-governador seria reverter esta vantagem para Serra. Tarefa difícil, porém não impossível. Mas o Aécio quer fazer isso?
Dilma: a hora da verdade
Como disse em minha análise de ontem (ver coluna Última Hora), Dilma Rousseff terá que remontar totalmente sua estratégia de campanha para este segundo turno. Terá que provar que não é apenas a candidata do Lula, mas uma mulher com capacidade e trajetória política para comandar o processo do desenvolvimento brasileiro que conduzirá o Pais ao status de potência.
No varejo, ela terá que provar para o Mercado e para a classe média que sua política econômica é a que oferece menos surpresas e solavancos. E insinuar que, no outro lado, Serra representa um tiro no escuro. Concomitantemente e para dizer de forma bem simples, Dilma terá que provar para os setores populares mais fervorosamente religiosos (não apenas evangélicos) que acredita em Deus e é contra o aborto.
E vale aqui, reproduzir palavras Ciro Gomes, ontem em Brasília, após reunião com Dilma:
”Serra tem controle sobre o PV e a tendência é Marina não apoiar, formalmente, a campanha de Dilma. Digo isso porque já negociei com o PV. Serra controla a burocracia. Eles quiseram me impor (Alfredo) Sirkis para vice. E eu disse: você não tem competência pra ser vice-presidente”.
E mais:
“ Dilma precisa “entender esses 20% (de Marina) e falar para eles. Entender as pessoas, as exigências éticas, a postura ideológica. Dilma foi a 47% dos votos. Isso é voto pra caramba! E com todo desequilíbrio da imprensa”.
Ciro esclarece que fala “como cabo eleitoral de Dilma no Ceará”. Mas, na verdade, ele atuará em todo o Nordeste.
Para onde vão os votos de Marina?
Marina conquistou nestas eleições, um inequívoco triunfo pessoal. Mas seu capital político pode não ser tão grande quanto ela supõe. Em primeiro lugar, ela está presa à máquina do Partido Verde que amadureceu rapidamente como agremiação fisiológica e balcão de negócios. Segundo, como ela mesma diz, seus votos não pertencem a ela nem ao partido, mas ao eleitor. Quem é esse eleitor?
Em rápidas pinceladas, pode-se dizer que algo como 60 % dos votos de Marina é de gente da classe média que odeia o PT e iria votar no Serra, tapando o nariz. Agora, eles refluirão para Serra ou entrarão na faixa do voto nulo ou abstenção. Os outros 40% representam pessoas das classes populares que por razões principalmente religiosas abandonaram Dilma. E difícil dizer se eles refluirão totalmente para a petista. Mas é duvidoso que eles se transfiram para Serra o “candidato dos ricos”. Neste exíguo seguimento do eleitorado, não mais que cinco por cento, concentra-se toda a incógnita deste segundo turno.
Saiba mais sobre o mesmo tema nas matérias abaixo e na coluna Última Hora.
Nota Re-patriated: Ciro já chegou mostrando a que veio. Leiam a primeira entrevista do deputado.
Será que o Penna, pelego-mor do tucanismo e presidente nacional do PV vai usar na campanha de Serra o Fiat doado ao partido e que ele passou para seu nome?

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