Por @luisnassif
Está gozadíssima a repercussão da tal denúncia da Veja, sobre os R$ 5 milhões que teriam sido pagos de propina para a MInistra-Chefe da Casa Civil, Erenice Guerra.
Como funcionam esses esquemas de fogo de exaustão da mídia? Um primeiro veículo solta a denúncia. Nos dias seguintes, os demais repercutem a denúncia e publicam matérias de apoio sobre outros temas envolvendo o personagem, muitos deles insignificantes, mas que servem de reforço para manter a denúncia em evidência.
A tal denúncia da Veja foi abatida em pleno vôo, por erros técnicos clamorosos:
1. Tratou o consultor da empresa que prestava consultoria como dono dela - a tal Via Net. O repórter não cuidou sequer de levantar o cargo correto.
2. Publicou um contrato padrão de assessoria - onde constava a "taxa de sucesso" de 6% - e não cuidou do básico: ler o objeto do contrato. A taxa se referia a eventuais financiamentos captados pela empresa de assessoria. O repórter aplicou o percentual sobre o total dos contratos da empresa junto aos Correios e apresentou como prova o contrato que o desmentia.
3. Tratou como suspeito o texto que fala que o assessor deve representar a assessorada em órgãos públicos e privados, mantendo regras éticas - texto padrão de qualquer contrato de assessoria.
4. No domingo, a Folha informou que a ANAC tinha renovado a concessão da empresa MTA, mesmo tendo parecer contrário de toda a diretoria. Mais uma barriga: o veto estava ligado apenas ao fato de faltarem documentos; depois de apresentados, a renovação ocorreu.
5. Durante todo final de semana, o repórter da Veja ficou acenando com a existência de gravações que comprovariam suas "denúncias". Truco! Quem tem mostra.
Conclusão: a repercussão ficou uma mula-sem-cabeça, apenas com as matérias de apoio, porque a denúncia principal (a tal propina de R$ 5 milhões) desapareceu completamente das matérias, -com a honrosa exceção do repórter Leandro Colon, da sucursal do Estadão em Brasilia, que continuou mencionando a informação furada da Veja.
Todas as matérias de apoio levantam a relevante informação de que, na cidade em que o maior número de postos de trabalho é no serviço público, parentes de Erenice também são funcionários públicos, alguns com cargos comissionados - uma noviddade tão grande quanto dizer que na família de Lula tem outros metalúrgicos.
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