segunda-feira, 27 de setembro de 2010

“Estadão” sai do armário; e precisava?

Por,  @rvianna, via Escrevinhador


O “Estadão” decidiu declarar voto no Serra, abertamente, em editorial.

Isso me lembra a história do rapaz que, desde os 8 anos, gostava de botar maquiagem, andava de salto alto e ainda fazia uma coleção tardia de bonecas. O pai e a mãe aceitavam tudo, já tinham compreendido a escolha do menino. Só que o sujeito crescia cheio de culpa, tentando esconder a situação.

Até que, lá pelos 25 anos, resolve convocar um almoço familiar para esclarecer tudo: “olha, queria declarar a vocês que eu sou gay”.

O pai olha pra mãe, olha pro rapaz, dá um leve sorriso, e diz: ”ok, agora me passa a travessa com a carne assada”.

O editorial do “Estadão” é isso.

Lemos o texto, compungidos, até pelo esforço que a declaração de voto deve ter custado àqueles que dirigem o decadente jornal.

Mas a vontade que dá é dizer: “ok, agora me passa a travessa com a carne assada.” 
Vocês conseguem imaginar a tradicional família paulistana, a sujar as mãos de tinta, emocionada com a declaração? Certamente, será o assunto em todos os almoços de família nesse domingo.

O Brasil nunca mais será o mesmo: o “Estadão” saiu do armário.

Nota Re-patriated: Ao contrário de grande parte dos companheiros blogueiros, não fiquei indignado com a tomada de posição do Estadão. O jornal da família Mesquita tornou-se, desde sábado, uma publicação de nicho, voltada exclusivamente para os leitores alinhados com o pensamento alí estampado. Considero essa livre manifestação e a opção mercadológica atos democráticos. Como bem colocou Rodrigo Vianna acima, não é surpreendente. Melhor assim. Bom seria se toda a velha mídia seguisse o mesmo caminho e, declarasse seu apoio ao candidato do PSDB demonstrando que, como órgãos de informação, são bons panfletos políticos.

Pude acompanhar, in loco, o processo eleitoral inglês. A maioria dos jornais tomou partido de algum dos candidatos, mas as diferença entre a atitude da imprensa britânica e a do Estadão é imensa; Lá, tudo foi às claras, no início da campanha e, mais salutar, a tomada de partido se limitava aos editoriais e aos colunistas. A informação foi preservada.

Agora, o Estadão tem dois caminhos a seguir; o mesmo modelo inglês, onde a informação não é distorcida ao bel prazer dos editores, ou seguir no jornalismo golpista que, fica completamente desqualificado, pois está claro que o processo de espetacularizar e criar escândalos é puramente eleitoral.

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